O advogado José Francisco Barbosa Abud, que ficou conhecido por ofensas racistas contra uma juíza no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ), foi encontrado morto nesta segunda (28). Seu corpo estava na própria residência, em Campos dos Goytacazes (RJ).
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) da cidade lamentou a morte do advogado em nota. “A 12ª Subseção da OAB lamenta profundamente a perda e se solidariza com os familiares e amigos neste momento difícil”, afirmou a unidade em nota.
Não foram divulgadas informações sobre a causa da morte ou suspeitas, mas o caso está sendo investigado por autoridades locais. Abud já havia sido internado em um hospital do Rio de Janeiro, em abril, por intoxicação com veneno.
O caso de racismo ocorreu em um processo que tramita na 3ª Vara Cível de Campos dos Goytacazes. Ele atacou a juíza Helenice Rangel, titular da vara, dizendo que ela é uma “magistrada afrodescendente com resquícios de senzala e recalque ou memória celular dos açoites”.
As declarações foram divulgadas após a juíza indeferir um pedido do advogado. Em outro trecho da manifestação, Abud afirmou, citando determinações da magistrada: “Decisões prevaricadoras proferidas por bonecas admoestadas das filhas das Sinhás das casas de engenho”.
Manifestações racistas do advogado em processo. Foto: Reprodução
As falas racistas geraram repúdio de diversas entidades ligadas à Justiça. O próprio TJ-RJ emitiu uma nota afirmando que as falas são incompatíveis com o respeito exigido em relações institucionais e que as ofensas configuram violação dos princípios éticos e legais da atividade jurídica.
A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (AMAERJ) manifestou apoio à juíza e também repudiou o ataque racista.