“Foi uma manifestação bem menor do que o bolsonarismo calculava. Se compararmos com a última grande concentração na Paulista, essa correspondeu a 25%, a um quarto do que foi”, afirmou. Segundo ele, o bolsonarismo “não tem força nas ruas e não tem força no parlamento” para impor sua agenda.
Apesar disso, Altman chamou atenção para a presença de governadores da direita no ato. “O sinal que a presença desses governadores passa é o seguinte: ‘Bolsonaro, nós estamos com você, mas você não está no jogo. Está inelegível, será condenado. Você precisa indicar um candidato. Esse candidato vitorioso pode resolver o problema da anistia’.”
O risco da fragmentação da direita
A insistência de Bolsonaro em permanecer como figura central do projeto eleitoral da extrema direita pode, segundo Altman, gerar uma ruptura entre partidos conservadores. “Se Bolsonaro mantém sua tática isolacionista e insiste em ser o nome até o último minuto, ele pode bloquear a formação de uma frente ampla conservadora. Pode forçar uma fragmentação da direita, o que facilita a vida do presidente Lula”, avaliou.
Para ele, o nome mais competitivo entre os possíveis sucessores bolsonaristas é o do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Uma frente ampla conservadora ao redor de Tarcísio poderia incluir o PL, o PSD, os Republicanos, União Brasil, PP e até disputar o MDB. Mas isso depende de Bolsonaro sair de cena.”
Pesquisas revelam desgaste, mas também resiliência
Altman também comentou os resultados da última pesquisa Datafolha, que apontou liderança de Lula para 2026 mesmo em cenários com Bolsonaro como adversário. O levantamento mostrou ainda que 67% dos entrevistados acham que Bolsonaro deveria abrir mão da candidatura.
“Essa pesquisa traz uma boa notícia para Lula e para a esquerda. Aparentemente, parou de cair a popularidade do presidente, e começa um movimento de recuperação”, disse. Por outro lado, Altman alertou que o mal-estar com a economia permanece: “Mesmo com crescimento do PIB, queda no desemprego e aumento da renda, a percepção é de que a economia vai mal e tende a piorar”.