No Alto Comando das Forças Armadas, há consenso de que Braga Netto não queria perder influência no núcleo do poder e “voltar para a planície”, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo. Para esses oficiais, o general da reserva atuou diretamente para impedir a posse de Lula e promover uma ruptura institucional.
Generais de alta patente chegaram a defender colegas como Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, mas não intercederam por Braga Netto. A avaliação interna é que ele abandonou a Força ao ordenar ataques contra militares que se recusavam a aderir ao plano golpista.
Desde o governo Bolsonaro, sua postura subserviente ao então presidente já incomodava parte do comando militar. Ainda assim, Braga Netto tornou-se um dos nomes de maior confiança de Bolsonaro, que o escolheu como candidato a vice, apesar de o general não ter grande apelo eleitoral.
Preso desde dezembro por obstrução de Justiça no âmbito da investigação sobre o golpe, Braga Netto apresentou sua defesa ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na última sexta-feira (7).
Jair
Bolsonaro e Braga Netto: a postura subserviente do general ao
ex-presidente incomodava parte do comando militar. Foto: Reprodução
A defesa de Braga Netto também acusou Moraes de “extrapolar o limite legal” na delação de Cid e alegou que a atuação do magistrado no acordo “foge ao limite da atuação judicial” e “fere a estrutura acusatória do processo penal”.
A PGR denunciou Braga Netto pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado, ameaça contra patrimônio, deterioração de patrimônio tombado e participação em organização criminosa. Somadas, as penas máximas podem ultrapassar 40 anos de prisão.