Bastante nervoso, o advogado Celso Villardi, que faz a sustentação da defesa de Jair Bolsonaro (PL) no julgamento da quadrilha golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), se enrolou e expôs um áudio retirado do WhatsApp do tenente coronel Mauro Cid em que implica o ex-ministro e deputado federal general Eduardo Pazuello (PL-RJ), o "véio da Havan" Luciano Hang e "empresários".
Em meio às 25 perguntas feitas a Cid, Villardi pediu autorização a Moraes para colocar "um áudio aqui do telefone dele que está nos autos".
"Ô, general, bom dia. Ontem o presidente, eu senti que ele já praticamente, acho que desistiu de qualquer coisa, de qualquer ação mais contundente", diz Cid, relatando o medo de Bolsonaro de o governo Lula "botar os servidores tudo contra ele".
Cid conta ainda que Bolsonaro teria deixado o então ministro da Defesa, o general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, "mais tranquilo" sobre o prazo para entregar o relatório em que ele pressionava para constar fraude nas urnas eletrônicas, mesmo com o documento dizendo o contrário.
O militar também cita conversas com o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, sobre o "outro relatório", encomendado pela legenda ao Instituto Voto Livre (IVL), organização não governamental que deu subsídios para que o partido entrasse com ação contestando a eleição junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Em seguida, fala de conversas com empresários, entre eles Luciano Hang; "o dono do Coco Bambu", Afrânio Barreira e Joseph Meyer Nigri, da Tecnisa, que chegaram a ser investigados por financiar os atos golpistas. Ele também faz referência à Centauro, varejista de materiais esportivos, de propriedade de Sebastião Bonfim.
"Na conversa que ele teve depois com os empresários, estava o Hang, estava aquele cara da Centauro, estava o Meyer Nigri, o cara do Coco Bambu também. O que falou, que o governo Lula vai cair de podre. Pessoal ficou um pouco de moral baixa porque os empresários estavam querendo pressionar o presidente, pressionar o MD [Ministério da Defesa] a fazer um relatório contundente, duro, para virar jogo, aqueles negócios", diz sobre a pressão dos empresários para a intentona golpista.
Diante do tropeço do advogado de Bolsonaro, Moraes dá uma indireta, perguntando a Villardi se ele iria "pedir aditamento da denúncia", sinalizando que poderia pedir o indiciamento dos nomes citados.
"Não", responde Villardi, meio sem graça. "Aditamento da denúncia em relação aos empresários e ao Pazuello?", rebate o ministro.
"Não, não, presidente, é que... Não, fiquei na dúvida. É que, na verdade, os empresários que foram aqui mencionados, eu não vi entrada no Palácio, por isso eu perguntei. E ele está falando de uma reunião. Então, eu queria saber se ele estava mentindo para contar uma história para um interlocutor, se é verdade", diz Villardi tentando sair pela tangente.