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Presidente do STJ explica como uso de IA pode contribuir na eficiência com processos

Ministro fala sobre a adoção da inteligência artificial para contribuir com a eficiência no manejo dos processos no Superior Tribunal de Justiça

Publicada em 25/05/25 às 12:32h - 7 visualizações

Correio Braziliense


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Presidente do STJ explica como uso de IA pode contribuir na eficiência com processos
 (Foto: STJ)

Desde 2018, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem sido considerado uma referência na adoção ética, eficiente e responsável da inteligência artificial no Poder Judiciário brasileiro. A Corte vem adotando, com base em diretrizes normativas, resoluções internas e formação contínua dos servidores e ministros, medidas para trazer inovações tecnológicas aplicadas à magistratura.

Há três meses, deu um novo passo: o lançamento do STJ Logos, que utiliza IA generativa para permitir interação intuitiva e eficiente com os processos. Desde então, a ferramenta já foi usada 90 mil vezes, como informou o ministro Herman Benjamin, presidente do STJ, que deu entrevista ao Correio sobre a iniciativa.


Para ele, o principal desafio de usar a IA para a prática judiciária “reside na convergência entre duas expertises distintas: o domínio jurídico tradicional e as habilidades tecnológicas emergentes, especificamente a construção de comandos precisos e eficazes para que a IA compreenda adequadamente as nuances e complexidades do raciocínio jurídico”.

Segundo ele, o STJ está passando por um processo de transformação e aprendizado contínuo, desenvolvendo competências híbridas que combinam conhecimento legal profundo e tecnologia. A IA, na avaliação do ministro, vai contribuir para reduzir disparidades em sentenças de causas semelhantes e aumentar a segurança jurídica. “Além disso, acelera os julgamentos, o que é fundamental para a efetividade dos direitos. A celeridade processual amplia o acesso à Justiça, especialmente para populações vulneráveis”, disse. A seguir, trechos da entrevista exclusiva ao Correio.

Como o STJ está se adaptando ao uso de ferramentas de IA no dia a dia da Corte?
O STJ tem distinguido o uso da inteligência artificial tradicional, voltada à automação de tarefas, da inteligência artificial generativa, capaz de interagir com linguagem natural e produzir conteúdos com base em grandes volumes de dados. As ferramentas lançadas recentemente elevaram o tribunal a um novo patamar tecnológico, destacando-se o STJ Logos, que utiliza IA generativa para permitir interação intuitiva e eficiente com os processos. Em apenas três meses, a ferramenta já foi utilizada mais de 90 mil vezes.

Esse processo envolve todos os setores do tribunal?
Para garantir uma transição responsável, o STJ desenvolveu um programa abrangente de conscientização e capacitação, envolvendo magistrados, servidores e colaboradores — incluindo os servidores recém-empossados, que já passaram por formação específica em IA generativa. Esse processo formativo assegura não apenas a competência técnica no uso das ferramentas, mas também a aderência rigorosa aos parâmetros éticos e funcionais estabelecidos pela Resolução nº 615 do CNJ.

Qual é o maior compromisso da Corte?
Um aspecto fundamental da estratégia institucional é o cuidado em não anunciar planos ou soluções hipotéticas: no STJ, só se comunica aquilo que já começou a ser efetivamente implementado. Essa diretriz reflete o compromisso da Corte com uma inovação tecnológica sustentada por responsabilidade, seriedade e governança, mantendo o tribunal como referência na implementação ética e eficiente da IA.

Qual é a maior dificuldade para o uso de IA na prestação da justiça?
O principal desafio reside na convergência entre duas expertises distintas: o domínio jurídico tradicional e as habilidades tecnológicas emergentes, especificamente a construção de comandos precisos e eficazes para que a IA compreenda adequadamente as nuances e complexidades do raciocínio jurídico. O STJ está passando por um processo de transformação e aprendizado contínuo, desenvolvendo competências híbridas que combinam conhecimento legal profundo e tecnologia. Isso inclui aprender a traduzir conceitos jurídicos abstratos em linguagem que os algoritmos possam processar eficientemente, sem perder a precisão técnica e a sensibilidade interpretativa que caracterizam o trabalho judicial. O desafio é grande, considerando que cada área do direito possui suas particularidades, exigindo refinamento específico. Trata-se de uma revolução na formação e na prática jurídica, demandando investimento contínuo em capacitação e experimentação para obtermos os melhores resultados.

De que maneira a IA pode auxiliar na promoção dos direitos humanos, nos tribunais e na sociedade?

A IA contribui significativamente para a promoção dos direitos humanos por múltiplas formas. Primeiramente, promove segurança jurídica, ao facilitar que causas semelhantes tenham soluções semelhantes, reduzindo disparidades e garantindo tratamento equitativo perante a lei. Além disso, acelera os julgamentos, o que é fundamental para a efetividade dos direitos. A celeridade processual amplia o acesso à Justiça, especialmente para populações vulneráveis. A IA também democratiza o conhecimento jurídico ao facilitar a identificação de precedentes e jurisprudência, permitindo decisões mais fundamentadas e consistentes. Na sociedade, essas melhorias se traduzem em maior confiança no sistema judicial, redução de custos processuais e, consequentemente, um ambiente mais propício ao exercício pleno da cidadania e dos direitos fundamentais.

Considerando que a IA pode aprender com dados históricos, não haveria o risco de ela reproduzir ou até amplificar preconceitos existentes?
Sim, esse é um risco real e amplamente reconhecido pela comunidade jurídica e tecnológica. Os algoritmos podem perpetuar e até amplificar vieses presentes em dados históricos, que muitas vezes refletem desigualdades e discriminações sociais do passado. Consciente dessa problemática, o STJ adotou um protocolo rigoroso de governança: toda aplicação de IA opera exclusivamente sob supervisão humana qualificada. Os resultados apresentados pela IA passam sempre por análise crítica e conferência de magistrados e servidores especializados antes de serem efetivamente utilizados. Dessa forma, a IA atua como ferramenta de apoio, mas a decisão judicial permanece essencialmente humana.

É possível conciliar produtividade e ética quando se usa IA para análise de processos?
Não apenas é possível, como é imperativo. A conciliação entre produtividade e ética traz desafios e oportunidades na modernização do Poder Judiciário. A sociedade contemporânea espera do sistema judicial não só rapidez, mas também uma análise humanizada e sensível de suas causas, considerando as particularidades e nuances que só o discernimento humano pode captar. A IA atua como catalisadora dessa conciliação ao automatizar tarefas repetitivas e de triagem e auxiliar na análise de questões repetitivas, liberando magistrados e servidores para se concentrarem nos aspectos mais complexos e sensíveis de cada caso.

Isso agiliza os processos?
Exato. Isso permite produzir decisões mais rápidas sem comprometer a qualidade da análise jurídica. O desafio está em estabelecer protocolos claros que garantam que a eficiência tecnológica não substitua o julgamento humano, mas sim, o potencialize. A ética, nesse contexto, não é um obstáculo à produtividade, mas sim, sua bússola orientadora, assegurando que cada decisão judicial mantenha sua legitimidade, fundamentação adequada e respeito aos direitos fundamentais.




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