Em meio à pressão da extrema direita pelo avanço do projeto de lei da anistia aos golpistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva articula uma reação direta contra deputados da sua base que apoiam a proposta. O governo planeja retaliações políticas e administrativas, em um movimento que mira manter a integridade democrática diante da tentativa de apagar os crimes do 8 de janeiro.
Nesta segunda-feira (14), o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, protocolou requerimento de urgência para o projeto, com 262 assinaturas válidas – superando o mínimo exigido de 257. A medida pressiona o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a pautar o tema.
Ao todo, 146 assinaturas partiram de partidos que ocupam ministérios no governo Lula.
O governo Lula já tem em mãos um mapeamento, feito a pedido da ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, com os nomes de servidores em diferentes escalões da administração federal que foram indicados por parlamentares da base aliada. A estratégia envolve ameaçar retirar essas indicações caso os partidos insistam em apoiar a anistia. Exonerações estão no radar como ferramenta de retaliação.
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), foi claro ao comentar a situação:
“O governo tem um compromisso inarredável com a democracia e com as instituições do Estado Democrático do Direito. Esse requerimento é contra tudo isso, contra o fundamento da existência da democracia no Brasil. Portanto, quem assinou está contrariando uma posição política do governo”.